SALGADO OU SEM SAL
Para refletir…
Texto-chave: Mateus 5:13
Textos complementares: Mc 9:50; Lc 14:34-35; Lv 2:13; Cl 4:6
INTRODUÇÃO
O sal é, sem sombra de dúvidas, o condimento mais utilizado nas cozinhas do mundo inteiro. Além dessa função, o sal é um importante elemento na conservação dos alimentos, permitindo que eles durem por mais tempo. Essa segunda função ainda é muito utilizada, apesar de hoje termos acessos às geladeiras e freezers. Essas são apenas duas das inúmeras utilidades do sal. Talvez as mais conhecidas.
É importante ressaltar ainda que o sal é um elemento essencial para as funções do organismo humano, pois age no equilíbrio dos fluidos corporais, na regulação do ritmo cardíaco, no controle do volume sanguíneo, na transmissão de impulsos nervosos… enfim, o sal tem uma função vital para nós. Porém, o excesso de sal pode trazer consequências graves para a nossa saúde. Assim, tanto para o paladar quanto para a nossa saúde como um todo, o sal precisa de uma dosagem equilibrada.
No Texto-chave desse estudo, Jesus está no meio de seu famoso Sermão da Montanha e compara os seus discípulos com o “sal da terra”. É importante observamos que Jesus utiliza-se do sal como um elemento comparativo, pois todos conheciam o sal, sabiam do que se tratava, conheciam o seu valor e quais eram as suas utilidades.
No comparativo, Jesus fala aos discípulos sem a necessidade de explicar o que seria ser “sal da terra”, mas se atem a detalhar o destino do sal que perde o sabor (sal insípido).
Vamos analisar a fala de Jesus na ordem inversa, de trás pra frente:
SEM SABOR, O SAL É LANÇADO FORA PARA SER PISADO PELOS HOMENS.
O sal é uma estrutura química sólida (cloreto de sódio – NaCl), e mesmo com toda tecnologia de produção que temos hoje, quando exposto ao sol, água, umidade, ou até mesmo ao ar, perde suas propriedades e pode se tornar insípido. Agora imagine o sal utilizado no período de Jesus.
Certamente, a principal referência para a extração do sal naquele tempo, na Palestina, com fácil acesso, era o Mar Morto. A ISBE (International Standard Bible Encyclopedia) diz que o sal do Mar Morto geralmente estava misturado com outros minerais e que poderia acabar se dissolvendo, sobrando apenas uma substância sem gosto.
Sem sabor, o sal não serve nem para a culinária, nem para conservação dos alimentos. Ainda assim, o sal tinha uma última serventia (nada nobre) que é ressaltada por Jesus: “ser jogado fora e pisado pelos homens”. Isso acontecia quando o sal, insípido e sem valor, era utilizado no período de inverno para derreter a neve nos prováveis poucos dias que ela caía em Jerusalém, e, assim, permitir que os habitantes transitassem pelas ruas (pisassem) com menos riscos de acidentes. Não, essa não é uma invenção dos russos, ou dos norte-americanos, ou de qualquer outra nação que tem neve no inverno. O sal já era utilizado com essa finalidade nos tempos de Jesus.
Dessa forma, é o próprio Jesus quem ensina a cada um de nós, seus discípulos, que temos objetivos maiores quando mantemos as nossas propriedades intactas. A marca de Cristo em nós precisa ser intocada, imaculada, incorruptível. Não podemos permitir que o exterior nos corrompa, que o mundo, com suas impurezas, nos contamine a ponto de nos tornarmos insípidos. Não temos em nosso destino profético o fim de sermos “lançados fora e pisados pelos homens”.
SOMOS O SAL DA TERRA
O sal era um elemento de muito valor, era moeda de troca que muitas vezes fora utilizado como honraria entregue aos soldados romanos em razão de suas conquistas em batalhas. Inclusive, é do “sal” que vem o “salário” (salarium – grego). Tal honraria era usada para a conservação dos alimentos.
Você sabe o que é uma “aliança de sal”? Conhece essa expressão?
O sal tem uma simbologia de perpetuação. Em tempos onde não havia contratos e assinaturas, os negócios e acordos eram firmados através das alianças de sal. Os acordantes se reuniam e cada parte apresentava consigo um punhado de sal. Elas sentavam à mesa, misturavam os seus punhados de sal e se alimentavam de algo, usando como tempero, a mistura do sal de ambas as partes. Ao final da refeição, repartiam entre si a sobra do sal misturado, de modo que cada parte ficasse com uma mesma quantidade. Assim, estava selado o acordo. Não se podia mais distinguir o que era o sal de um, nem o sal do outro. Isso simbolizava que o acordo não poderia mais ser desfeito. Estava indissoluto, confirmado e perpetuado.
Em Lv 2:13, o Senhor está instruindo Moisés para que as ofertas de cereais sejam temperadas com o sal. Deus lhe diz para não permitir a falta do “sal da aliança do seu Deus” nas ofertas. Em Cl 4:6, Paulo orienta o povo de Colosso a temperar suas palavras com sal. Em ambas as passagens o sal tem representação de firmeza, certeza, confirmação e decisão imutável.
Conservação e Perpetuação são partes do propósito de Deus para cada um de nós, que estamos dispostos a continuar a obra de Cristo nessa terra. Somos “sal da terra” para salgá-la. Isso quer dizer que somos chamados, não somente para sermos o tempero necessário, equilibrado, mas também para conservação, manutenção e perpetuação dos princípios de Deus. Somos sal para impedir que a terra e a humanidade se estraguem e se deteriorem. Enquanto houver um “sal da terra” na terra, Deus não permitirá que ela seja consumida.
Como Cristãos, justos, sal da terra, precisamos nos posicionar com firmeza contra tudo que afronta a natureza de Cristo em nós. Não podemos compactuar com a corrupção, com a desonestidade, com a forma desvirtuosa que a sociedade tenta tratar a família, o casamento, a educação, a igreja, os valores, etc. Devemos, não somente viver pelos princípios divinos, mas anunciá-los através da Palavra, que é a verdade que Deus planejou e é onde são apresentadas as consequências aos que não vivem essa verdade.
CONCLUSÃO
A função que Jesus quer que tenhamos é de “sal da terra”. O sal que salga, que alimenta, que nutre. Nem sem sal, nem salgado ao extremo. Equilibrado. Devemos viver, manter, propagar e perpetuar os princípios de Deus nessa terra como Jesus fez. Somos seus imitadores.
Cristo foi e é sal em nossas vidas. Jesus é o sal vital para cada um de nós. ELE mantém a sua palavra temperada com sal e se fez oferta de sal entre nós. Jamais foi insípido, apesar de ter sido pisado pelos homens até a sua morte na cruz do Gólgota. ELE pagou o salário dos nossos pecados com a sua própria vida. Mas tudo isso foi para glorificar o Pai. A sua morte e ressureição é, para nós, vida e salvação, uma nova aliança de sal comigo e com você.
Se você ainda não fez essa aliança com Cristo, a sua oportunidade é agora! Não espere se tornar insípido para entregar a sua vida à Jesus.
TAREFA PRÁTICA
O que pode estar fazendo você perder o sabor? Existe algo exterior ou até mesmo no seu interior que está corrompendo sua estrutura?
Faça uma anamnese! Examine-se e perceba se em algum momento você deixou de salgar.
Liste elementos que possam se tornar uma ameaça a sua integridade cristã e defina metas e estratégias de como combatê-los. Se possível, peça ao seu líder e seus irmãos de sua célula para auxiliá-lo nas ações ou em intercessão.
Nos próximos dias observe mais se você verdadeiramente está sendo o “sal da terra”.
Me. Dieguinho Gaspar
MAIS – Ministério Apostólico Internacional Shalom